Esta semana é considerada a semana nacional de combate ao bullying, já que o dia 07 de abril é o Dia Nacional de Combate à Agressão Sistematizada, conhecida como o Bullying. O termo surgiu na década de 80, nos Estados Unidos e tem origem na palavra bully=valentão. Até pouco tempo atrás, na nossa época de estudante, situações como a do Bullying eram denominadas ora agressão, ora “zoação”, o que demonstra que o termo é novo, mas a situação de agressão é velha. Além disso, é importante deixar claro que todo Bullying é agressão, mas nem toda agressão é Bullying.
Em virtude de vários casos e más consequências, no ano de 2016, uma Lei foi aprovada, no intuito de obrigar as escolas a lidarem de maneira mais efetiva com a situação, por isso atualmente o problema vem sendo discutido com mais leveza pela comunidade escolar e pelas famílias. É inegável o quanto ficou difícil combater o bullying em uma estrutura socioeconômica como a nossa, na qual há o encorajamento da disfunção de valores. Isso acontece porque muitas vezes a escola é responsabilizada sozinha por todos os casos, mas vale lembrar que alguns começam dentro do contexto escolar, e são sanados. Outros começam fora do contexto escolar, e assiduamente veem para a escola, só que nós geralmente não estamos sabendo o que aconteceu lá fora.
Apesar de muitos acreditarem que o Bullying no contexto escolar é uma vertente da indisciplina, isso é uma ideia totalmente equivocada, uma vez que comprovadamente o bullying acontece em 100% das escolas do mundo, independente se são públicas ou particulares. E sabe por quê? É na escola que o educando convive com a maior diversidade cultural, assim a intolerância com o diferente e os valores sociais invertidos resultam na prática da agressão sistematizada.
Outro fator de grande relevância a ser pensado é o fato de a escola ser apenas um dos contextos que preenche a corpo social da criança e do adolescente. Podemos citar, por exemplo, algumas práticas que corroboram com a violência que vem de fora para dentro, são muito comuns e acabam se tornando naturais, como por exemplo a exclusão deste ou daquele coleguinha nos momentos de lazer, ou mesmo a fala dos pais para que os filhos se afastem de um colega porque ele não é visto como uma boa companhia. Afinal, o exemplo é o melhor aprendizado, e os nossos filhos aprendem com o que damos a eles de exemplo. Pensem nas crianças que vão ser excluídas! Parece banal e inofensivo à primeira vista, contudo é uma atitude que ensina nossos filhos a excluírem os outros, seja lá por qual pretexto ou motivo. Alguns pais podem pensar que estou sendo exagerada, que é só uma questão de afinidade. Mas, não!
Para esclarecer, existem tipos de bullying diferentes, entre eles, com avanço tecnológico, destaca-se o cyberbullying, por isso não podemos reconhecer apenas a violência física como bullying, e mais ainda, só conseguiremos debater e combater a prática violenta, se reconhecermos que ela existe. Sobretudo porque tanto as vítimas quanto os agressores precisam de ajuda.
Com o intuito de conhecermos um pouco mais sobre o problema, e criarmos estratégias de ação, assim como parcerias, sugiro a leitura da Lei, bem como das obras da pesquisadora brasileira, Cléo Fante, que estuda o fenômeno desde 2000.
Lei: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13185.htm
FANTE, C. Fenômeno bullying: como prevenir a violência nas escolas e educar para a paz. Campinas: Verus editora, 2005.
FANTE, C. Bullying escolar. Campinas: Verus editora, 2005.