A Base Nacional Comum Currícular (BNCC) foi aprovada como um documento referência para os conhecimentos indispensáveis aos estudantes brasileiros com o propósito de tornar o ensino mais igualitário, contribuindo com a formação cidadã. O sucesso da proposta ainda tem outro desafio para garantir o real acesso dos alunos a uma nova forma de saber: o educador deverá transformar sua forma de ensinar.
A BNCC foi desenvolvida com a colaboração de diversos coletivos como os próprios professores e deverá ser implementada a partir deste ano, com prazo máximo de aplicação no início de 2020. Algumas das exigências são o desenvolvimento de habilidades sociais e emocionais, o uso de novas tecnologias e o protagonismo estudantil.
O papel do professor é fundamental em proporcionar a evolução educacional, atuando diretamente em sala de aula com a importante capacidade de identificar necessidades e estimular potenciais. Justamente por causa dessa contribuição, as diretrizes da BNCC não permitem mais o perfil do professor como único detentor do conhecimento. Os estudantes se tornam protagonistas de suas trajetórias, a sala de aula um palco para mediação e o educador é o tutor do processo.
A adoção de novas práticas pedagógicas será a ferramenta facilitadora para a reinvenção dos educadores. Eles precisam estar alinhados com as competências desse século, como o conhecimento de tecnologias digitais, inteligência artificial e robótica, por exemplo.
O processo de aprendizagem também deve ser ancorado em recursos, como pesquisas, experiências práticas e aulas expositivas, uma vez que o investimento em novas formas de ensinar, dentro ou fora da sala de aula, será fundamental para instigar e promover a curiosidade intelectual.
A formação contextualizada dos professores não precisa excluir todos os métodos e práticas até então usados. A proposta é continuar com as boas práticas, trocar experiências e evoluir no processo do ensino. O crescimento não é uma exclusividade de alunos.
A implementação e concretização da BNCC requerem uma formação inicial e continuada de professores, mas, também, de gestores, que devem estar atentos a inquietações e preocupações dos docentes. Será preciso auxiliar na desconstrução de antigas práticas pedagógicas ineficientes e estimular professores a, juntamente com a direção, colocarem a Base em prática.
Vale ressaltar que não basta somente alunos, professores e gestores passarem pelo processo de transformação e adequação. As famílias também deverão participar da mudança para ajudarem os filhos a entenderem o processo e a importância de um ensino além do livro didático. Os docentes e gestores também devem pensar em ações envolvendo os familiares.
Se todos contribuírem, a BNCC pode ter a chance de ser um instrumento de realização de um sonho antigo dos brasileiros, isto é, uma educação sem distinção entre as regiões, propiciando oportunidades iguais para alunos tão distintos, com suas próprias expectativas, habilidades, culturas e contextos de vida.
Christina Fabel – Diretora de Ensino do Colégio ICJ